No Norte de Minas, prefeitos derrotados empregam tática de terra arrasada contra adversários


por Fábio Oliva
Prefeitos que não conseguiram se reeleger ou eleger seus sucessores estão colocando em prática a tática de terra arrasada. O objetivo é tornar o mais difícil possível a vida dos adversários que irão sucedê-los a partir de primeiro de janeiro. A criatividade em implementar ações com o intuito de prejudicar os novos prefeitos é grande. Vai da nomeação de centenas de aprovados em concursos públicos realizados há até quatro anos, inchando o quatro de servidores das prefeituras; à realização de leilões de veículos e máquinas; até a desfiliação de entidades para que os novos gestores não possam votar nem se candidatar às eleições das novas diretorias, previstas para o início do próximo ano.

A tática de terra arrasada foi uma estratégia utilizada pela Rússia em conflitos contra potências europeias como a França de Napoleão e a Alemanha Nazista.
Consiste basicamente na retirada civil e militar do território em conflito, destruindo tudo o que existe para que a tropa inimiga que adentra o território encontre um ambiente hostil. A tática da terra arrasada também foi usada na Segunda Guerra Mundial, com êxito.

Uma das entidades a sofrerem o baque dessa tática é a AMAMS – Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene. A entidade que completará 40 anos em 2017 assistiu após o resultado das eleições municipais de outubro de 2016 a uma enxurrada de desfiliações de prefeituras. Nada menos do que 17 prefeitos derrotados já enviaram à entidade ofícios comunicando a desfiliação. A maioria justificou a medida como tendo o objetivo de “conter gastos”. Antes das eleições, a AMAMS tinha 73 filiados. Agora são 56.

A associação não nega, tampouco confirma que as desfiliações tenham como objetivo impedir que os novos prefeitos possam votar e serem votados na eleição que escolherá a nova diretoria da entidade, marcada para o início de 2017.

Luiz Lobo, diretor-executivo da AMAMS diz que esse tipo de manobra decorre de uma falha do estatuto. De acordo com o estatuto da AMAMS, só têm direito a voto e de comporem chapas para disputar a direção da entidade os representantes dos municípios que estejam filiados e quites com a entidade até três meses antes da eleição. “Essa é uma falha que precisa ser corrigida em nosso estatuto”, diz Lobo.

Entre os 17 municípios que empregaram a tática estão os de Manga, Anastácio Guedes Saraiva (PT), o Anastácio da Funerária, e o Patis, Vinicius Versiani de Paula (PMDB). Anastácio, que recebeu mais de R$ 360 mil em diárias durante seu mandato e não aceitou fazer a transição, foi um dos que justificou a desfiliação como medida para “conter gastos”.

Outra entidade que vem sofrendo ataques dos hackers políticos, como estão sendo apelidados os prefeitos derrotados que adotaram a tática de terra arrasada é o CISRUN – Consórcio Intermunicipal de Saúde da Rede de Urgência do Norte de Minas. Transformada em cabide de emprego para abrigar dezenas de parentes de prefeitos, vereadores e lideranças políticas regionais, sem que precisassem se submeter a concurso público, além de assessores de um deputado estadual petista que diz comandar a entidade, o CISRUN quebrou.

Os constantes atrasos no pagamento dos salários desestimularam os funcionários e levaram à queda na qualidade dos serviços. Hoje, 20/12, o CISRUN divulgou nota informando que não tem recursos para pagar o 13º salário, nem previsão de quando isso acontecerá.

“O Consórcio Intermunicipal de Saúde da Rede de Urgência do Norte de Minas- CISRUN informa que, devido a indisponibilidade financeira, não efetuará o pagamento do 13º previsto para hoje, 20/12/2016. Assim que for restabelecida nossa condição financeira, o pagamento será creditado imediatamente. Contamos com a compreensão de todos”, diz o texto do comunicado assinado pela advogada Kely Cristina de Moura Lacerda, diretora executiva e por Luiz Rocha Neto, presidente do CISRUN.




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