Audiência pública lança campanha que indica Parque do Peruaçu ao selo de patrimônio da humanidade

Índios Xacriabás participaram de audiência pública em Januária (Foto: Juliana Gorayeb/G1)
Cerca de 700 pessoas participaram de uma audiência realizada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em Januária, para lançar oficialmente a campanha que prevê a indicação do Parque Nacional de Cavernas do Peruaçu ao selo da Unesco de Patrimônio Cultural da Humanidade. Representantes de órgãos ambientais, conselheiros do Parque do Peruaçu, prefeitos e deputados se reuniram na solenidade nessa quinta-feira (8).
O presidente da Comissão de Assuntos Municipais da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado Paulo Guedes, presidiu a audiência pública e comemorou a iniciativa dos ambientalistas empenhados no reconhecimento do parque. “É uma satisfação ver a plateia cheia e perceber que a população de Januária acompanha a discussão de uma pauta que une a região. As entidades estão unidas em prol do reconhecimento do parque e com certeza o Norte de Minas só tem a ganhar”, diz. A indicação ao selo da Unesco depende diretamente do Governo Federal, que só tem direito a fazer uma escolha por ano.
O membro do Conselho Nacional de Espeleologia e coordenador da campanha do Parque do Peruaçu, Carlos Leonardo Giunco, explica que as riquezas naturais encontradas no local são únicas e permitem que o parque tenha capacidade de receber um título internacional.
“O parque tem 57 mil hectares, 140 cavernas catalogadas, 80 sítios arqueológicos com pinturas de mais de 11 mil anos. É um complexo ambiental criado em 1999 e apenas agora será aberto oficialmente ao público. A ideia do selo da Unesco é um projeto a longo prazo e a audiência é um pontapé inicial para que possamos ir até o governo pedir a candidatura do Parque do Peruaçu”, argumenta.
O Parque do Peruaçu recebeu, nos últimos meses, reformas estruturais para que a população possa, oficialmente, explorar o local. A visitação já acontecia de maneira limitada através de alguns guias e receptores do complexo. Késsia Madureira, membro do conselho consultivo do Peruaçu e presidente da Associação dos Guias e Receptores, conta que, anualmente, quase 9 mil pessoas visitam o local e a tendência é que, após a inauguração, os números cresçam.
“Apesar da pouca visibilidade e limitações de estrutura voltada para o público, o Peruaçu é alvo de turistas do mundo todo. Já recebemos gente da França, Argentina, Venezuela. A abertura oficial do parque representa esperança de desenvolvimento para nossa região. A comunidade tem o sonho de ver a região crescer através do turismo. O sucesso do Peruaçu representa vida, são olhares voltados para o Norte de Minas”, destaca a guia.
Durante a audiência, a coordenadora regional do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Carolina Carneiro, anunciou a inauguração oficial do Parque do Peruaçu para o dia 27 de junho. “O Instituto Chico Mendes manifesta total apoio a campanha de reconhecimento do parque como patrimônio cultural da humanidade. Essa audiência é resultado de um trabalho coletivo para que as pessoas da região entendam que o parque é uma riqueza que pertence ao Norte de Minas e a elas também. Vamos fazer uma inauguração linda. Este é o término de um ciclo de muita luta, que foram as obras para que o parque fosse aberto à visitação. Agora, vamos rumo a outro ciclo, em busca do selo da Unesco”, destaca.
O Parque
Belezas naturais das cavernas do Parque do Peruaçu atraem turistas do mundo todo (Foto:  Fábio Borghi/Inter TV)
O Peruaçu tem cerca de 56 mil metros quadrados e faz parte das área de três municípios, Januária, Itacambira e São João das Missões. Possui cerca de 40 cavernas catalogadas e pinturas rupestres de mais de 11 mil anos, segundo especialistas. O parque se tornou uma unidade de conservação no ano de 1999 com o objetivo de proteger o patrimônio geológico e arqueológico da região. Por enquanto, a visitação ao parque só é possível por meio de agendamento.
Um dos objetivos do reconhecimento como Patrimônio da Humanidade é o aumento da preservação do parque.
Uma aldeia de índios Xacriabás localizada na comunidade de Catinguinha, fica dentro da área de preservação do Parque Peruaçu. De acordo com o pajé Vicente Barbosa, líder do grupo, na região da unidade vivem quase 11 mil indígenas. Ele afirma que a ligação do povo da aldeia com o parque não é só regionalismo.
“A nossa riqueza é espiritual através do parque. Os animais, as cavernas, a vida do nosso povo indígena é ligada ao cerrado. No parque está a história do nosso povo, nas nossas pinturas, nossas cavernas. Todo o conhecimento dos antepassados foram deixados nas paredes pelas pinturas”, afirma.(G1 GRANDE MINAS
Deputados, prefeitos e representantes de órgãos ambientais compuseram mesa de honra durante audiência (Foto: Juliana Gorayeb/G1)

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